quinta-feira, dezembro 10, 2009

 


"Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas... "

domingo, dezembro 06, 2009

sábado, dezembro 05, 2009

As vezes parece que eu vivo em outro tempo, em outra época...
Sinto vontade de dançar a moda antiga, de amar a moda antiga... sinto também vontade de ter uma vida de filme, daqueles que se conhece uma pessoa hoje casualmente e começa a amá-la no mesmo instante, desfrutando emoções ao conhecer juntos o mesmo lugar ... viagens...
Sinto saudade... não sei de que, nem de quem, mas sinto... tento encontrar todos os dias a paz e o amor que o meu coração busca, imaginando que talvez eu já conheça o dono dessa felicidade, será que eu já conheço esse ser que eu espero tanto?
Quem será esse ser humano que gosta das mesmas coisas que eu, que tem os mesmos sonhos e sente sede das mesmas coisas? Onde será que está essa pessoa que quer viver sem responsabilidades (pelo menos de vez em quando) sem ter hora pra dormir e pra acordar, tomar sorvete no frio e banho quente no calor, querer sair pela estrada sem rumo até alcançar um lugar que satisfaça nossos olhos...


...
Sei que você existe e te espero aqui... sempre...

domingo, novembro 29, 2009

Do Poeta

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

(...)

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

(...)
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.


_Vinícius de Moraes_